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Neuroarquitetura × Milão 2025

Como a neuroarquitetura se materializou no Salone del Mobile, no Fuorisalone e em toda a cidade

 

 

A neuroarquitetura vem ganhando espaço nas discussões sobre ambientes de saúde. Em 2025, Milão — com o Salone del Mobile e o Fuorisalone — reforçou como o design emocional não é apenas relevante, mas urgente. Ali, ficou evidente que arquitetura e neurociência caminham juntas para criar experiências que promovem saúde, não apenas tratam doenças.
 

Mais do que tendências, vimos diretrizes práticas que podem ser incorporadas aos projetos hospitalares. A seguir, exploramos seis aprendizados centrais dessa jornada imersiva.
 

1. Percepção Sensorial: projetar para o corpo e o cérebro


A iluminação circadiana apresentada na Euroluce 2025 — ajustando temperatura e intensidade da luz conforme o horário — é um exemplo claro de como o design pode alinhar-se aos ritmos biológicos. Isso reduz o estresse, melhora o sono e otimiza funções hormonais.
 

Instalações como Soul and Soil, que traduzem emoções em arte visual e sonora, mostram como som e imagem calibrados afetam diretamente o sistema límbico. Em hospitais, isso se traduz em quartos com luz adaptativa, cápsulas multissensoriais para relaxamento pré-operatório e arte interativa nas salas de espera.

 

 
2. Memória Afetiva: despertar o conforto do familiar
 

O conforto não é só físico, é emocional. Ambientes como o Next Place Hotel evocaram a casa — com cores terrosas, texturas naturais, elementos artesanais — criando vínculos afetivos imediatos. A sensação de familiaridade reduz a ansiedade e promove pertencimento.


Hospitais que incorporam essas estratégias — com materiais amadeirados, tecidos agradáveis ao toque e referências culturais locais — transformam o espaço clínico em um espaço de acolhimento real.

 



 
3. Ritmo e Movimento: fluidez espacial como terapia
 

Milão trouxe uma clara valorização da flexibilidade. Espaços com plantas livres e mobiliário móvel foram destaque no Fuorisalone. Ao permitir múltiplos usos num mesmo ambiente, o espaço ganha vida, e o usuário, autonomia.

 

Nos hospitais, isso pode ser traduzido em circulações intuitivas, sinalizações com cores-guia e áreas de “respiro visual”. Mobiliários modulares também reforçam a ideia de que o ambiente se adapta às pessoas — e não o contrário.

 


 
 

4. Conexão com a Natureza: biofilia que cura

 

A natureza voltou com força total. Elementos como vegetação integrada, uso terapêutico da água e luz natural não só embelezam, mas curam. A biofilia, conceito amplamente estudado, mostra que o simples ato de olhar para um jardim pode reduzir a pressão arterial e aliviar dores.

 

Na arquitetura hospitalar, isso pode ser feito com jardins internos, vistas verdes, materiais naturais de baixa manutenção e superfícies que evocam pedras, madeira e fibras — unindo estética e higiene.

 


 
5. Privacidade e Controle: autonomia como cuidado

 

Milão mostrou que empoderar o usuário do espaço é parte essencial do cuidado. Instalações permitiam controle total da ambiência — luz, som, temperatura — por parte de quem vivencia o local.

 

Nos hospitais, cabeceiras com controle ambiental, divisórias inteligentes e soluções de privacidade que respeitam a dignidade do paciente são formas concretas de aplicar esse princípio. O cuidado, nesse caso, é dar ao paciente o direito de escolher.

 


 
 

6. Códigos Simbólicos e Culturais: o ambiente como narrativa

 

Por fim, o design como narrativa. A instalação “Mother” usou silêncio, luz e arte para provocar empatia — e essa mesma lógica pode ser usada em ambientes hospitalares.

 

Capelas sensoriais, murais com histórias locais e símbolos de fé ou esperança podem acolher não só os pacientes, mas também os profissionais da saúde, ressignificando o espaço como lugar de conexão humana e espiritual.

 


 

 

Conclusão: projetar para sentir, cuidar e transformar

 

A edição 2025 de Milão mostrou que saúde, arquitetura e emoção estão mais integradas do que nunca. A neuroarquitetura não é um luxo conceitual, mas uma estratégia concreta de humanização. 

 

Ao projetarmos ambientes que respeitam o corpo, a mente e a cultura dos usuários, avançamos para uma nova era da saúde — onde projetar é, antes de tudo, cuidar.

 

Por Camila Contato, Head de Produtos e Especificação Apen Portas & Mobiliários

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Apen Portas & Mobiliários
Site: https://apenportas.com.br/
Instagram: @apenportas

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RESSALVA DA ABDEH:
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